Mons. Constantino Bogaio, Bispo auxiliar, Arquidiocese da Beira, Moçambique.

08 febrero 2024

Bem, em primeiro lugar, eu quero saudar a todos vocês que participais nesse encontro sobre a formação permanente do Clero Local. Para dizer, a verdade, é um tema que hoje estamos todos preocupados, porque às vezes há uma confusão entre formação permanente ou formação continua com o Ano Sabático.

Precisamos de explicar bem as pessoas. Uma coisa é o Ano Sabático, uma coisa é a formação permanente. Formação permanente, que também chama formação continua, é esse processo que cada um de nós faz todos os dias, que é de formar -se seja a nível pessoal e seja a nível também pastoral, espiritual, que é importante, porque os nossos seminaristas quando terminam, depois também da sua ordenação, quando vão nas paróquias, já são padres, e muitas vezes não se preocupam pela formação continua.

Isto cai no vazio. A minha experiência pessoal, é de que muitas vezes que nós não nos preocupamos pela formação permanente, caímos no vazio, fazemos repetição e até a nossa oração fica uma oração débil.

Então, a formação permanente é mesmo para podermos acordar de que nós também como pastores, nós que estamos a evangelizar, precisamos continuamente de nos formarmos de aquilo que chama na palavra italiana, aggiornamento, de estarmos sempre aptos ao serviço.

E como devemos fazer isso? Cultivando-nos primeiro, na oração própria, a oração de cada dia, em que cada um de nós deve dar o seu tempo, a escuta do mestre.

E segundo, também não esquecer de que levar para frente sempre os livros, quer dizer, algum livro que eu posso ler, seja o livro para a questão espiritual e de crescimento espiritual, pessoal e também o livro para questões pastorais e teológicas, porque o que eu vejo para minha experiência, muitas vezes já aqueles que estão lá nas paróquias mais longínquas, então vão sempre, estão sempre, ou melhor, estão sendo absorvidos pelo trabalho pastoral, então esquecem de poder ler o livro.

 

Eu digo sempre, um sacerdote que fica um ano, não lê nenhum livro, é isso, está-se a empobrecer, então a formação permanente é bem sobre isso. Agora, existem também as boas experiências, por exemplo, eu vejo agora que estamos fazendo da minha diocese junto com o arcebispo, é de acompanhar os sacerdotes na sua formação permanente.

 

Como fazemos? Simplesmente, eles têm, quer dizer, através de grupos, passam uma semana no paço connosco, em que eles têm um livro que nós damos e conhecemos mais ou menos a necessidade de cada um, e vem, fica uma semana, fazemos reuniões, e vamos acompanhando-os, como é que estão, a questão da sua vida espiritual, das suas relações na paróquia, quais são as suas dificuldades, depois nos entregamos um livro para ele ler e resumir, e depois nos trazer, depois de seis meses, então, isto está dando um bom fruto, este acompanhamento.

 

Eu acho que são essas experiências que nós devemos sempre cultivar em várias dioceses, em que o pastor, ou o bispo, ou alguém mais velho dos padres, que acompanhem outros padres na sua formação quotidiana, ou na sua formação continua.

 

Como eu dizia no princípio, é preciso apostar, e não esperar somente, quando dizemos para o Ano Sabático, o Anos Sabático é um ano especial, mas não é formação permanente, então não podemos esperar cinco anos, dez anos, ou vinte anos, para que a pessoa faça, ali mesmo, o aggiornamento.

 

O aggiornamento faz -se todos os dias, é verdade que muitas vezes é muito difícil naquelas paróquias que nós conhecemos para sua distância, dou o exemplo da minha diocese, eu tenho padres, ou temos padres, que estão a 350 km, então, estes não podem sempre, ou não têm a possibilidade de ter formação permanente, porque estão sempre a correr, não sei o quê, mas nós fomos dizer sempre a eles, por favor procurem parar, porque quando eles vivem duas pessoas, pelo menos uma vez ao mês, parem, e peguem num tema que nós damos para eles poderem meditar nesse tema, e entre eles também partilhar sobre esse tema, e nós, quando eles já vêm para o paço, nós falamos sobre os temas.

Isto é muito importante, e eu acho que nós devíamos apostar bastante, e também para os padres diocesanos. Também aqueles padres que estão naquelas situações difíceis que nós conhecemos.

 

Como dizia no princípio, se nós queremos colher o mel então teremos de cuidar das colmeias e não podemos apenas comer, se queremos comer o mel. Então o mel nosso é mesmo a formação contínua.

 

Não quer dizer que quando se termina o seminário já o padre sabe tudo e não deve continuar os seus estudos. Aprofundamento é necessário, e também nós os pastores devemos estar convencidos de dar tempo a eles, para poderem parar; porque muitas vezes queremos preencher todos os buracos que nós temos nas dioceses e então não damos tempo para que os sacerdotes parem e façam formação permanente ou formação contínua.

 

Eu acho que é preciso sempre dar o tempo ao sacerdote para que tenha a sua formação. Então isto é muito importante porque nos vai ajudar bastante a melhorar a qualidade de vida dos nossos padres aí onde estão a trabalhar, e vai melhorar a qualidade de vida também dos padres em relação com os seus próprios cristãos; para não estarem sempre a repetir as mesmas coisas, como dizem às vezes os nossos cristãos: parece que o batuque toca sempre o mesmo ritmo. Nós queremos mudar de ritmo. Então o padre deve saber mudar de ritmo para que todos possam dançar e não repetir sempre a mesma dança. Então, isto é importante e para isso o padre deve formar-se para que ele saiba pôr música para todos aqueles que possam dançar, numa grande variedade de música.

 

Então que se formem. A formação permanente é para isso. E por isso, agradeço a vocês que estão neste encontro, e penso que deveis apostar, e continuaremos a apostar especialmente por aqueles, aquelas pessoas, aqueles padres que precisam, que estão muito longe. Muitas vezes a nossa desculpa de sempre é que não temos os meios. Eu acho que os meios se procuram para podermos ajudar esses nossos irmãos que estão em situações difíceis e que precisam de formação permanente.

 

E muito obrigado e Boa continuação.