Gostaria de iniciar este momento com as palavras conclusivas da homilia do Santo Padre na Missa do Crisma, dia 29 de março último:
O sacerdote próximo, que caminha junto com a sua gente, com aquela proximidade e ternura de um bom pastor (e, na sua pastoral, por vezes está à frente, outras vezes no meio, e outras ainda seguindo um pouco mais atrás), as pessoas não só o estimam muito, passam a sentir algo de especial por ele, que se sente quando se está na presença de Jesus. Por isso, não se trata de um “a mais” este reconhecimento da nossa proximidade como pastores. Por nosso agir fazemos valer se Jesus se fará presente na vida da humanidade, ou se permanecerá no campo das ideias, fechado em um nome escrito com letra maiúscula, confinado em um bom hábito que aos poucos se torna uma rotina.
Durante aquela celebração Eucarística o Papa Francisco mencionou diversas passagens da Liturgia da Palavra, que sugerem o tema da “proximidade”: Deus que se faz próximo do homem, Jesus que foi ungido para anunciar uma mensagem de esperança e por isso de proximidade, e, por fim, aquela do padre. Aquilo que subjaz a esta visão de proximidade destacada pelo Santo Padre é a formação humana, ainda que em nenhum momento de sua homilia apareça em palavras.
É necessário pontuar que a proximidade não se trata apenas de um comportamento gentil ou de um método comunicativo, mas de “uma atitude que envolve toda a pessoa, o seu modo de estabelecer vínculos, seu modo de ser ela mesma e como se faz atenta ao outro”. Uma atitude como essa, não restam dúvidas, pertence a quem é humanamente maduro, a pessoa que permitiu que crescesse em sua vida aquelas virtudes humanas que a tornaram capaz de estabelecer relações autênticas e pacíficas, com suficiente estabilidade emotiva e serenidade de afetos.
Como bem sabe, este não é um tema inédito. No caminho desenvolvido nestas últimas décadas, especialmente a partir da Pastores dabo Vobis, a formação humana tornou-se um tema crucial. A centralidade de Cristo Bom Pastor como figura fundamental na qual se inspirar para a configuração sacerdotal, a redescoberta da proximidade como “chave de evangelização”, e ainda, algumas situações desagradáveis que dizem respeito a conduta de padres e seminaristas têm reacendido os refletores de maneira totalmente nova sobre esta importante dimensão da vida e da espiritualidade.
Sem deixar de levar em consideração a gradualidade dos percursos pessoais até o sacerdócio, assim como as vias e instrumentos pedagógicos do acompanhamento formativo, hoje, mais do que em outros tempos, precisamos ser corajosos e determinados na hora de afirmar que a Igreja tem necessidade de Sacerdotes plenamente homens e profundamente humanos. Só um homem maduro e sereno pode exercitar o dom do presbiterato de maneira fecunda.
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